Tudo significa e contudo tudo é surpreendente.
Arcimboldo produz o fantástico apartir do muito conhecido: o resultado é de um efeito diferente da adição das partes. São matemáticas bizarras da analogia, que também quer dizer proporção. (Barthes, O óbvio e o obtuso, p.142)
Se olharmos a imagem de perto só vemos frutas e legumes,
se nos afastarmos vemos diversos personagens:
o afastamento e a proximidade são fundadores de sentido.
Não será esse o fundamento de toda semântica viva?
O sentido nasce de uma combinatória de elementos insignificantes (os fonemas, as linhas), mas não basta cominar esses elementos uma vez para esgotar a criação do sentido, o que foi cominado pode combinar-se entre si uma segunda e uma terceira vez.
Imagino que um artista engenhoso poderia pegar em todas as cabeças compostas por Arcimboldo, dispô-las combiná-las com vista a um efeito de sentido e dessa nova disposição, fazer surgir por exemplo uma paisagem, uma cidade, uma floresta. (Barthes, O óbvio e o obtuso, p.143)
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