A pintura de Arcimboldo é móvel:
ela dita ao leitor, pelo seu próprio projeto, a obrigação de se aproximar ou de se afastar, assegurando-lhe que nesse movimento não perderá nenhum sentido e que ficará sempre numa relação viva com a imagem. (Barthes, O óbvio e o obtuso, 143)
Bernard Prass
Arcimboldo passa virtualmente de uma pintura newtoniana, fundamentada na fixidez dos objetos representados, para uma arte einsteiniana, segundo a qual o deslocamento do observador faz parte do estatuto da obra. (Barthes, O óbvio e o obtuso, 144)
Por outro lado, sua técnica e exigência da atenção, parecem anunciar pela profusão de colagens, formas, traços, texturas, objetos e signos um novo tipo de leitor - o leitor “fragmentado, movente”, segundo Santaella. Não importa, ensimesmados, os leitores desconfiam, juntam fragmentos aqui e ali para comporem e incorporarem a imagem múltipla, fugidia, um universo que se confunde e se mescla com o real e com a imaginação. (Araújo, O bibliotecário, 2008)
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