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Esse é um jogo escrito de trás para frente, de um lado para o outro, em zigue zague. E o leitor, como um jogador, pode escolher que caminho tomar nesse labirinto, ou bosque de caminhos que se bifurcam. Nos corredores laterais nossos convidados especiais comentam a partida.
Todos podem escrever, citar e indicar novos caminhos, nessa caixa de surpresas móvel e mutante. Envie suas sugestões através dos comentários abaixo de cada post. Siga os coelhos brancos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Operário da linguagem

Como um poeta barroco, Arcimboldo explora as curiosidades da língua, joga com a sinonímia e a homonímia. A sua pintura tem um fundo de linguagem, a sua imaginação é propriamente poética: não cria os signos, combina-os, permuta-os, extravia-os – o que faz exatamente o operário da língua. (Barthes, O óbvio e o obtuso, 133)

Outono

Na figura do outono o olho é feito de uma pequena ameixa.
Em francês a prunelle (botânica) torna-se a prunelle (ocular).

Ele quer mostrar o nariz?







































A sua reserva de sinônimos oferece-lhe um ramo, uma pêra, uma abóbora, uma espiga, um cálice de flor, um peixe, um rabo de Coelho, uma carcaça de frango.

Quer mostrar uma orelha?






































Só tem de ir a um catálogo heteróclito donde tira um cepo de árvore, o reverso de um cogumelo, uma espiga, uma rosa, um cravo, uma maçã, um búzio, uma cabeça de animal, o suporte de uma candeia.

É uma barba que ele que dar a sua personagem?






































Eis aqui um rabo de peixe, antenas de camarão.

Será este repertório infinito?

Não, se nos mantivermos nas alegorias pouco numerosas que chegaram até nós; trata-se quase sempre de frutos, de plantas, de comestíveis. Mas só o conceito limita a mensagem;
a imaginação, essa, é infinita, de uma acrobacia cujo domínio é tal que a sentimos pronta a apoderar-se de todos os objetos. (Barthes, O óbvio e o obtuso, 141)

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